28.2.09

Prêmio Dardos Muito obrigado




O blog (Inter)dito [escritos cotidianos] foi presenteado (pela segunda vez..hehe) com o prêmio Dardos e quem indicou foi a Cristiane Marinho do blog http://cristianemarinom.blogspot.com/ Nele , a autora compartilha com a gente de suas idéias e ainda escreve sobre as suas experiências profissionais. Mas o que mais nos prende a ele é o seu jeito fraterno/educativo de ver o mundo. Este selo foi criado com o objetivo de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web. Antes de repassá-lo , porém, devo rever algumas falhas que cometi há um tempo atrás por puro desleixo. Mea culpa! rs Já havia sido premiado uma vez pelo Fio, mas como eu e internet somos um caso à parte, acabando não repassando o prêmio daquela época. Então, senti-me na obrigação de reparar essa lacuna ao retribuir o prêmio à Vanessa e àqueles que ainda não pude divulgar por sua contribuição em tornar mais interessante esse mundo da Web.




O premiado vai seguir, se não der uma de Drummond que recusou o prêmio da academia..rs , essas instruções:


1)Deve exibir a imagem em seu blog;


2)Deve linkar o blog pelo qual você recebeu a indicação;


3)Escolher outros 10 blogs a quem entregar o Prêmio Dardos,


4)Avisar os escolhidos.




Assim conforme o regulamento do prêmio e julgando méritos e realizações, indico abaixo os blogs merecedores de tal distinção como difusores e incentivadores culturais e meus amigos. Então meus dardos vão para...




A Vanessa me atrai por seu bordejar das palavras e foi a primeira a me indicar pro prêmio dardos. Além do mais, ela é uma grande incentivadora da arte.




Martigos: http://martigos.blogspot.com/
Começou meio tímida, mas aos poucos a Marcela vai compartilhando os seus pensamentos por nossa blogsfera.




No meu link, ele é conhecido como o blog do Leivão, mas não é só esse apelido que torna os seus escritos de bom grado e familiares.




Grande Valdeir! Ele consegue, como poucos, misturar reflexão poética com o dia a dia.




O Filipe é uma grande revelação, porque escreve como adulto.




Ainda conheço muito pouco do compulsão, eu confesso. No entanto, bastam poucos minutos de leitura para nos tornarmos compulsivos.




Conheci durante a blogagem coletiva. Grande divulgador do universo feminino e do mundo dos leitores.




Porque nunca é demais presentear uma flor.



A própria autora se diz modesta, mas prefiro a simplicidade do que grandes rompantes literários vazios.




Os maiores delírios estão em curtas palavras.


26.2.09

“Personas” de minha vida




"Viver e não tenha a vergonha de ser feliz


Cantar (e cantar e cantar)a beleza de ser um eterno aprendiz (...)"






Eu achava que certos personagens só existissem na literatura. Mas a vida me mostra a existência de seres estranhos e arrastados pela ânsia de felicidade. Esses são como vampiros. Sugam tudo ao seu redor para que se satisfaçam por míseros momentos. Viver de momento é fácil! Qualquer um faz. Transformar as nossas ações em bens eternos é pra poucos mesmo.
Não quero generalizar, como sempre, mas isso faz parte de minha geração. Pelo menos, tive o azar de encontrar essa minoria perdida entre os caminhos e descaminhos. E nem sei mais se isso não foi sorte, porque comecei a lidar com essas figuras de nossa sociedade.
Eles personalizam desejos e disparam denominações para todos os cantos. No entanto, isso se agrava na forma como agem perante a um confronto. Dizem o que querem sem ouvir o Outro. Aliás, a intolerância faz parte dessa falsa democracia que advogam.
Já vi malandros, prostitutas, professorinhas, padres, artistas, políticos, bruxos, vampiros, ladrões, serem enquadrados no mesmo patamar. Todos buscam o tal “se dar bem”. Seja com duplo sentido ou não! E isso me entristece. Pois o que será de nossos filhos? Serão criados por criaturas? O certo mesmo seria sermos criadores. Mas o que será certo mais em nossa sociedade?
É a era dos espertalhões. Mentem, roubam o bem comum, vivem às custas de depredar aos outros. De minha parte, opto pela inteligência. Procuro viver a minha vida e entender que não estou só no mundo. Claro que os inteligentes ainda são muitos, embora a sociedade insista em torná-los fracos.
Assustei-me com a declaração que li, certo dia, por MSN. Disse a moça: “mandando romantismo p kct e aproveitando oq ha de bom”. Fiquei pensando o que ela acha que deva ser “bom”. Com certeza, esconde a sua infelicidade com momentos.
Tudo bem que ela não goste de ser romântica e isso é direito dela. Afinal, ninguém nasce igual. Entretanto, essas pessoas querem demonstrar um ar de superioridade com afirmações absurdas através de conceitos pertencentes ao mundo egoísta e totalitário em que vivem. Por isso, revejo todos os dias o que dizem sobre o Brasil.
Muitos homens também caem em modelos prontos. Homem de verdade é o machista. Aquele que domina a relação e ainda coça o saco na frente dos outros. Isso está mudando? Está. Estão aparecendo os canalhas também. E os românticos? Já receberam o seu lugar de acordo com a opinião da minoria feminina ainda vigente.
O que me intriga é que essa mudança não vem. Quando vem, rasteja-se de modo lento devido à velocidade em que os espertos se proliferam. Todavia, esses malandros esquecem de que uma sociedade é vivida em conjunto. E suas ações refletem no seu dia a dia.
Essa esperteza é a mesma defendida por quem detém o poder. Veja, então, o que acontece com o mundo. Vivemos em uma crise sem precedentes. Agora, até comercial de incentivo a dar volta no quadro existe. Isso é muito engraçado.
Estranho como os livros de auto-ajuda se tornaram Best-sellers né? Hoje, sou o maior defensor de Paulo Coelho, porque ele foi o primeiro a entender o nosso espírito. Não gosto da leitura dele, mas um escritor, que fala a linguagem desses “felizes” aí, merece o nosso respeito.
Tem gente que se acha feliz por “ter” mais do que o outro. Isso ainda existe em pleno século XXI. O mesmo posso dizer daqueles que se unem por interesse. Há coisa mais antiga e ultrapassada do que isto? Depois falam do romantismo. Já disse, porém, certa vez, que qualquer ismo ao extremo faz mal.
Alguns personagens de minha geração nasceram de seu exagerado mal estar consigo mesmo. Muitos são pessoas inseguras que se “seguram” em fantasias capengas de um desconcertado convívio. Quando escolher máscaras (as tais personas do grego), só é ato feito depois de muita maturidade e segurança. E eu, que não tenho nada a ver com isso, decidi ser escritor para descrevê-los em prol da vida.






Obs.: Um texto em homenagem ao carnaval..rs

24.2.09

Perguntas / Jogo do sim ou não

Essas são as poesias que saíram nessa tarde em momentos de catarse..kkkk Brincadeiras à parte, decidi postá-las. Um bom carnaval a todos!!!




Perguntas

Pra quem escrever?
Se esse mundo abre as portas
para o falso viver.

Pra que escrever?
Se todos só lêem as palavras
Segundo um ilegítimo crer.

Como escrever?
Se o que escrevo,
não passa de uma verdade já esquecida.

A quem escrever?
Se ninguém mais reconhece valor
da simplicidade do meu amanhecer.

Perguntas vazias
Em um mundo repleto de estranhamentos.
Mas respondê-las não é meu objetivo
diante de tanto vazio.

E pergunto ao meu coração
Se vale apena me preencher
Com o melhor de tudo isso:
A emoção.









Jogo do sim ou não



Não.
Não me ame com interesse
Do que lhe possa oferecer.

Sim.
Desinteresse-se por tudo
Que dizem sobre mim.
Venha me conhecer.

Não.
Não me odeie sem ódio,
Porque isso não será verdadeiro.

Sim.
Odeie-me por algum motivo,
Mas se certifique que isso vem de você.

Não.
Não avalie o que sou
Pelo que aparento ser.
Não fale antes
De saber quem sou.
Ou, bem melhor,
Não aja por impulso.

Sim.
Avalie os seus pensamentos
E a sua atitude de acordo com o seu coração.
Fale com quem lhe incomoda
a razão de todos os problemas.
Impulsione novas idéias pelo mundo.

Tenha cuidado com o que escolhe
Para a sua vida nesse jogo do sim ou não.
Somos mais do que as nossas atitudes
Querem dizer ao nosso coração.

17.2.09

Blogagem Coletiva: Universo vital

“As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou.”


Ainda lembro daquele ano . Estava quase terminando a faculdade de literatura e, ao mesmo tempo, decepcionado com as descobertas que fiz. Comecei a entender a responsabilidade de ter personalidade no mundo. Parecia que afundaria junto com aquelas pessoas irreconhecíveis de outrora, mas o apoio de verdadeiros amigos, como a Perses, foi o necessário para recobrar a consciência do que seria a vida.
Assim, recebia em minhas mãos o “Cartas a um jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke e não sabia o poder de um livro. Na verdade, aprendi muita coisa naquele ano de 2005. Havia desistido de acreditar em falsas promessas e pessoas insensíveis. Talvez essa seja a maior mudança proporcionada pela leitura do diálogo entre o autor e o seu pupilo Kappus.
Essa obra tem o encanto da sensibilidade com a força de extrair o que há de melhor em nós. A cada página, sentia o quanto somos brutalizados pelos ambientes sociais em que vivemos. Aprendi a olhar o mundo com os olhos de dentro. Aqueles que não são passíveis de compreensão.
Era uma pessoa arrogante, creio eu, e que não sabia medir as palavras a serem ditas. O gatilho entre o que pensava e falava era mais curto do que o atual. As minhas críticas talvez fossem menos infundadas e ouvidas também pelo mesmo motivo. No entanto, fui tomado pelos simples conselhos ao jovem poeta.
Começava a entender o significado de muitas palavras como “humildade”, enquanto sentia a necessidade de ressignificar outras como “amor”. Vivia, antes, sem saber a importância da brutalidade desse mundo. Mas ler aquelas páginas era investigar minuciosamente a minha alma.
Rilke ultrapassa o seu tempo. O escritor parece mais próximo do que a distância real nos mostra. E, quando li o trecho colocado no início desse texto, percebia coisas mais essenciais do que o formato textual da carta. Em outras palavras, entendi a nossa insignificância diante do grande universo significante da vida. Vivemos além do que dizemos ou escrevemos, embora as palavras escondam mistérios nunca antes conhecidos.

12.2.09

Aqui vão duas poesias antigas da época que dava os primeiros ensaios como um diletante poeta. Ainda há muito a percorrer, mas somos movidos sempre pelo verbo acreditar.



Pronome


Eu sou pronome pessoal
e não quero ser oblíquo contigo.
Porque aquele demonstra que é mau,
sendo muito indefinido.

Você também o tratou bem.
De modo interrogativo
olhou para mim, altivo,
falando: — Quem?

Sua indecisão
foi porque não ligara o nome à pessoa.
Bastava-lhe uma relação
que o trouxesse uma memória boa.

Ele me substituiu
e lhe usou como objeto.
O nosso nome possuiu
como um pronome desonesto!




Rainha do jardim

Fui ao jardim
buscar uma linda flor.
Queria encontrar uma para mim
e cultivar com amor.

Vi uma Camélia
olhando-me a todo momento.
Mas logo ficou séria,
quando soube que sou ciumento.

Depois veio a Margarida
com um maravilhoso sorriso.
Porém a achei meio oferecida,
tornei-me apenas o seu amigo.

Então, passei pela casa de Magnólia.
Contudo, sua família não “foi com a minha cara”
e destruiu o que seria a glória.

Foi aí que chegou a hora de ir embora.
Uma flor acenou para mim; formosa,
era a rainha do jardim: a Rosa.

Pensamento do dia

Dessa vez, decidi postar uma frase que recebi numa dessas evasivas correntes por e-mail. Mas a sua simplicidade e profundidade merece o nosso respeito.

"AMAR É TER A CERTEZA IRREFUTÁVEL DE QUE O ESPAÇO QUE SE COMPARTILHA EXPANDE O UNIVERSO"

Claudio Salles

8.2.09

Um herói perfeitamente humano


É...Final de semana em casa com a família e assistindo ao filme Hancock. Já havia assistido no cinema com uma amiga, mas vê-lo novamente me fez lembrar do quanto mudei. Digo isso , porque creio que tenho um pouco da vida daquele personagem em mim. Aliás, todos nós nos identificamos com algum filme. Eu prefiro o desse herói perfeitamente humano.

Sinto saudade, às vezes, da época em que fazia tudo sem pensar no futuro. Mas, hoje, as responsabilidades de uma vida madura me exigem uma melhor postura. Não tenho mais idade para ficar brigando com qualquer idiota por aí, embora ainda não resista a uma discussão. Isso me fascina na aventura.

Hancock é um pouco de nós. Um homem tentando viver sem se preocupar com o que os outros querem lhe impor. Afinal, a sua postura antissocial discute os padrões impostos socialmente e nos faz refletir sobre o quanto eles podem interferir no nosso cotidiano. Ele age por instinto, porque é uma forma de pensar menos sobre as conseqüências de seus atos.

No entanto, há um outro aspecto interessante no auge do filme. O herói problemático decide, após o conselho de uma pessoa que lhe salvou, obedecer a algumas normais sociais. Essa postura oferece ao personagem de Will Smith uma fama e respeito pela sociedade que o humilhava. Ao mesmo tempo, ele se depara com um conflito interno em que descobre o seu passado.

Assim, fica sabendo que era marido da mulher de quem o ajudou a recobrar a consciência. Aí estão problemas de relação moral e de ética, dentre outras coisas. O que me chamou atenção também foi o fato de que Hancock não podia viver ao lado de quem amava. A sua solidão sempre fora causada por terceiros que se intrometiam na felicidade de ambos. Daí o fato de nunca conseguirem viver juntos.

Parece-me também que a felicidade do casal de superpoderes estava fadada ao fracasso, porque não podiam viver em harmonia. Quando eram encontrados juntos e vulneráveis, sofriam ataques por todos os lados. Ali se discute a vulnerabilidade humana que incomoda a muitos. Ambos eram vulneráveis aos sentimentos simples como casar e ter uma vida normal.

Nem mesmo o Hancock gostava de ser o herói sempre, porque a sua felicidade ficava ameaçada. Uma pergunta, então, surge durante essa parte: Por que será que a vida, às vezes, sacrifica uns para a felicidade de outros? O personagem fazia de tudo para se manter longe de confusão, mas algo sempre o colocava diante dos problemas. Porém, resolvê-los era fazer algo por uma coletividade que nunca iria reconhecer a dimensão de seus problemas.






7.2.09

Pré-conceitos

Hoje decidi escrever sobre as pessoas que não tomam uma postura diante da vida e acabam segregando os outros. Afinal, sempre há um meio de falar mal daquilo de que não gostam. Com certeza, vou receber críticas depois disso. Muitas delas deverão acontecer pessoalmente ou não. Estou tentando, de minha parte, discutir uma coisa chamada de "pré"-conceito. Ele ainda existe de forma velada em nosso país e conviver com o outro é atitude humilde para poucos.
Falar mal sempre é motivo para se sentir mal! No entanto, as pessoas confudem crítica com ofensa. A última é emotiva e envolve interesses pessoais. Confesso que já passei por diversas situações desse tipo por não querer ofender ninguém. Mas as pessoas concebem com antecedência uma forma de nos ver. Já me disseram que isso é um ato humano. Sei não....
Procuro ouvir, saber como a pessoa está para dizer o que penso. Esse mundo não admite pensamento? Pergunta que surgiu agora. Tem gente que fantasia muito a partir do que "pensam" sobre a gente. E aí? Nessas horas , o pensamento é válido. Isso me leva a uma situação incômoda. Então, não digo mais às pessoas o que faço de minha vida.
Quando não me conhecem então...Se revelo o meu desejo de ser escritor, sou chamado de sonhador. Se falo sobre a profissão de magistério, sou o metido a professor. E, se fico quieto, sou esnobe. O que você faria em meu lugar? Essa é a questão. Aí vem o início desse texto. Te excluem e você fica solítário com uma fama que colocaram em você.
Nem tente passar segurança, porque somos (em determinados lugares) reconhecidos pelos tais grupos. Demorei muito a perceber isso e talvez tenha sido o meu problema. O mundo pode ser mais simples do que as pessoas pensam, mas elas complicam demais. Afundam-se em problemas. Tive um namorico de verão que só me trazia problemas. Um dia lhe falei: -Pô..você não ri não?
Tem gente que prefere se acovardar diante da vida e abraçar o primeiro refúgio. Tá bom.. Pode fazer isso, mas saiba que você abraçará só tristeza. A vida nos traz empecilhos, mas que devem ser ultrapassados. Poderia muito bem ter ido dormir agora. Decidi escrever. Não só pelo fato de acreditar em um dos meu sonhos de ser escritor e sim, porque sei que alguém pode encontrar forças no que escrevo.
Sei também que haverá aqueles que vão apontar defeitos. Esses sempre existem e alimentam uma fonte de conceitos pré estabelecidos sobre nós. E isso é natural! Todo mundo aceita falar que ciclano é isso e fulano é aquilo. Uma forma fácil de se apropriar da fala do outro a seu favor e impossível de viver uma vida tranquila. Paz é ter autoestima. Olhar pra cima e dizer: Eu não vim aqui só passear.

Primeiro encontro

Sora
sou diferente do q imaginou?

Renato
não...geralmente não fico imaginando como a pessoa possa ser...Deixo a parte da imaginação pros meus textos...rs
As pessoas não acreditam , mas sou um cara muito realista no meu dia a dia.

Sora
nem me imaginou
poxa

Renato
estava conhecendo o seu interior, gosto primeiro de ver as pessoas por dentro. ;)
só depois de conhecer mais é q posso imaginar

4.2.09

Obrigado

Aos que me dão lugar no bonde
e que conheço não sei donde,

aos que me dizem terno adeus,
sem que lhes saiba os nomes seus,

aos que me chamam deputado
quando nem mesmo sou jurado,

aos que , de bons, se babam: mestre!
inda se escrevo o que não preste,

aos que me julgam primo-irmão
do rei da fava ou do Hindustão,

aos que me pensam milionário
se pego aumento de salário

-e aos que me negam cumprimento
sem o mais mínimo argumento,

aos que não sabem que eu existo,
até mesmo quando os assisto,

aos que me trancam sua cara
de carinho alérgica e avara,

aos que me tacham de ultrabeócia
a pretensão de vir da Escócia,

aos que vomitam (sic) meus poemas,
nos mais simples vendo problemas,

aos que, sabendo-me mais pobre,
me negariam pano ou cobre

-eu agradeço humildemente
gesto assim vário e divergente.

graças ao qual, em dois minutos,
tal como o fumo dos charutos,

já subo aos céus, já volto ao chão,
pois tudo e nada nada são.


Carlos Drummond de Andrade

Sentimentos são eternos

Idéias sempre irão existir, mas os sentimentos que as inspiram são sempre eternos.
Eles caem como a chuva de verão e aquecem os mais frios dos corações.
Permanecem ocultos até o momento em que são desvelados em um simples olhar.
Mas são revelados após a distância que a vida os impõem.
Aí o poeta decide escrevê-los para tentar uma ilusória aproximação, porque a realidade devia ser outra.
Mas ele já buscou além das palavras, reencontrar essa sua inspiração.
Ela se afasta, permanece em silêncio e abraça a solidão.
O que seria de nós então sem compaixão? Breves solilóquios dessa hibernação.
Não quero isso e escrever foi a única solução.
De estar bem mais próximo de quem deveria, na realidade, encontrar o meu coração.

3.2.09

Parte 2: Um monólogo de Solo


Vivemos em meio a uma inversão de padrões. Demorei muito a entender isso. Talvez porque a minha opção por ser singular tenha me tornado “Solo”. A Vânia fez me perceber o quanto somos carta fora do baralho no mundo atual. O machismo sobrevive no modo de estilo das mulheres de nosso século.
Hoje, com muito distanciamento, fui capaz de entender aquela noite em Porto Seguro. Ela estava apenas seguindo o que vive com as suas amigas. Os amantes à moda antiga podem desistir. A maioria resiste aos estilos antigos, embora existam ainda as mulheres que disseram um não ao embuste vigente.
Liguei diversas vezes para Vânia. Do outro lado, esperava um oi apenas. Queria reencontrá-la para lhe dizer o quanto a amava. Mas não se iluda. O amor é algo em extinção. E, para entender algumas mulheres, tive que lembrar o padrão clássico do machão. Esse já conheço. Afinal, fui criado em um ambiente assim e tenho a certeza de que todo homem também.
Mas o que acontece agora? Elas confabulam com as amigas com quem vão sair e zombam daquele que não fizer os seus desejos. Doce ilusão. Muitos homens preferem essa situação para se vingarem conosco. Dizem alguns: -Viu seu otário, peguei a fulana!! Como observadores, apenas respondemos: -Não acredito! Ela não ía cair na lábia de um machista!
E eles respondem: - Você não sabe do que falando! Essa onda de romantismo já era! O discurso se repete na maioria das vezes, enquanto o mesmo deve acontecer do lado de lá. Digo isso, porque conheço as referidas “mulheres pra-frente” como a Vânia. São vítimas do falso ideal de dominação em que a Sociedade as empurra.
Porém, tenho certeza de que todos nós perdemos. Hoje tudo acontece em prol de uma chamada “diversão”. De minha parte, não sei mais o que é isso. As palavras são sempre as mesmas e estão longe de seu significado. Antigamente, o ato de se divertir fazia muito bem às pessoas.
Atualmente, uma noite basta para que essas pessoas esqueçam a eternidade da vida. Quem foge à essa “coletividade” está fadado à tristeza! Fico pensando as horas melancólicas que passei por resistir às investidas da senhorita T. Lá estava Solo com a sua cerveja e o seu pensamento naquela moça sem oportunidades da vida.
Talvez ficasse mais feliz se dormisse horas selvagens com T. O seu corpo acordaria “no ponto”, mas teria que encontrar a Vânia na hora do café. Ambos estavam hospedados no mesmo hotel. Os sentimentos marcam muito mais do que contatos físicos.
Por isso, a sua amada estava cansada. Feliz? O rosto dela só demonstrou um sorriso ao lhe dizer oi. Podia ter acordado mal humorada. Isso é normal. Mas o que quero dizer em meu monólogo está além disso. Só o leitor perspicaz poderá lê-lo! Cada palavra segue o fluxo de uma reflexão pouco comum. Tão rara quanto às vezes em que pude falar com Vânia ao telefone. Ela estava no direito dela. Era apenas mais um querendo falar com a “dona” da situação. Bem-vindos ao século XXI.




A saga de um desiludido

Inspirado em “Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, de Clarice Lispector e em “A mulher desiludida”, de Simone de Beauvoir



Parte 1: Sou um estranho


Meu nome é Solo,
Nasci estranho, meio assim. Entre leituras e desencontros fui deixando de ser o que a sociedade sempre quis que fosse. O modelo ideal de humano ainda se constrói no caricato machismo. De minha parte, procuro amar a educação que tive. As mulheres devem ser respeitadas. O resto? O resto é resto.
Daí o meu projeto ambicioso de não passar sozinho o resto de minha vida. Mas a vida me afasta desse par que, ao contrário de muitos, não idealizei. Taí o meu problema. Quem sabe deveria “idealizar” mais. Ler mais filosofia e me perder em escritos literários. Pensar em uma “Lóri” para conversar por horas e horas.
Quando fui à Porto Seguro, achei que havia encontrado uma. Ah...esses encontros e desencontros já são parte desse objetivo que alimento desde a minha adolescência. Afinal, era estranho.
Nunca perdi o meu tempo com falsas sensações. O meu concreto é o incerto em mim. E na Bahia as pessoas são assim. Os baianos amam a vida sem questionar o porquê. Muitos se lançam ao desconhecido e as mulheres então.. Piadas à parte, gosto mesmo de lá.
Um povo que teria muitas razões para reclamar. E o que vemos? Festa, festa... E lá fui eu. Perdido na multidão caminhava pela passarela do Álcool e ela sorria. Só. Se as mulheres procurassem menos o homem perfeito, os nossos problemas não existiriam. Elas acham que precisam muito mais para nos encantar. Bom, pelos menos acredito nisso. Ah... ía esquecendo, não conto. Sou estranho.
Aproveito cada segundo da vida com o olhar de uma criança. A minha sensibilidade constrange as mulheres de nosso século, porque elas ainda não aprenderam a não envelhecer diante de um homem. E meu tio me levou ao bordel.
Aquelas luzes todas sobre a minha cabeça já eram demais pra mim. A verdadeira luz estava dentro do meu coração e nem aquela jovem iria apagar. Não tinha nada contra o prazer. Muito pelo contrário. Mas não sou capaz de marcar a minha alma com ilusão. Queria a Vânia e o seu sorriso. Ela? Nem queria saber de mim. Talvez me visse como mais um estranho que não estava nos padrões do que ela acreditava ser um homem.
Um homem de verdade não mente e quando o faz se sente mal por toda a sua vida. Primeiro porque não terá coragem para olhar para a sua parceira e, se tiver, garanto que esse não a ama o suficiente. Esse tipo de amor não é verdadeiro. Vão me chamar de drástico, mas se esquecem que a traição não é mais um tabu em nosso século. Sou antigo mesmo. Defendo a volta dos casais.
Não aqueles perfeitos. Não há nada perfeito nessa vida, porém alimento o amor que me tranqüiliza. Quando a gente gosta de alguém é capaz de odiar amando e de nunca se sentir bobo diante de uma situação desesperadora. Eu acho, mas esqueça...
E lá estava o homem desiludido. Passou a noite bebendo e resistindo às investidas da senhorita T. Por quê? Como dormir com alguém, se ao acordar entenderia que foram só corpos a se encontrar? A Vânia, por sua vez, estava se divertindo com as amigas em um quarteirão próximo dali.

2.2.09

Pensamento do dia

Essa frase surgiu mais uma vez por uma de minhas reflexões e foi inspirada no clichê antigo: "Quem ama cuida, quem cuida tem".

Quem joga com o amor não cuida, nem se iluda, será uma pessoa que lhe quer por bem?