22.7.12

O Brasileiro não é triste ou otário (Resposta oficial a Celeumathosis)


Sim, esse repente
surgiu de repente
para dize porque me sintu excluído.
Com o coração doído,
vou dizeno que o povo
não é bobo não.

Vocês falam de mulher e cerveja,
mas se veja,
Qual poeta num fala?
Diz que cumpadres são de fé,
enquanto muitos abandonaram o seu movimento,
Ué!

Quem toca o povo da praça
merece mais respeito,
Porque a gente não se vende por peito
ou qualquer graça.

Quem vocês chamam de caboclos, cornos, zóio
poderia ser gente trabalhadora
que não o usa o trabalho como tema.
Afinal, vocês “tema” em usar a metralhadora
do palavrório
para se aparecer.

Artista é reconhecido por obra
e não vomita erudição.
Tem gente que leu apenas dois livro,
mas sabe mais que os seus erudito
que da vida fizeram um vício
de pura perdição.

To aqui aceitano o desafio,
porque o povo, meu fio, não é triste
e nem otário não.
Você se diz humilde
mas se sustenta numa tríade
para esquecer que somos uma nação.

Claro que holofote não se disputa.
Não quero luz
para as palavras que vêem do meu coração.
Arte não é ofício difício
pra meia dúzia que aprendeu Hacai
E fica citando nome de autô
para dize que leu.
Quem abadonou vocês criou movimento
porque viu que vocês só vivem de lamento
e não pensam em quem viveu.

Por último, rir e falar merda
não é lutar.
Pra mim é pura zombaria
com a vida popular.
Guerreiros nascem todos os dias
e lêem as suas poesias.
Por isso, exigimos respeito.
Isso pode ser bar, birosca,
ou o que vocês quiserem.
Mas o Brasil, muito menos São Gonçalo,
é brejo para esses sapos
fazerem putaria em forma de poesia.
 

2.7.12

Janus torto


Preciso desabar em palavras
para reerguer o meu coração.
Ele rasteja, mareja,
com o olhar da escuridão.

Se sou justo,
observam-me como moralista.
Se liberto a vida,
aprisionam-me em uma pedra ametista.
Só pra rimar.

Mas, voltando ao verso,
do que adianta ser honesto
em um mundo de que o atraso irá valorizar.

Valor, palavra perigosa,
ranhida, escolhida,
entre as mais desditosas coisas do tempo.

Se bem me lembro,
o meu esquecimento
ocorre pelas memórias compartilhadas.

Do outro lado, escuta a censura
da amordaça muda e feroz
daqueles que dizem o bem
como um ato atroz.

Sim, abuso de aliterações
e assonâncias,
porque a música me ajuda
a não desabar.

Mas não se iluda.
Enquanto você vai na última linha,
o poeta já voltou mil vezes da vida.

O meu olhar é para o futuro,
vivendo o presente do passado.
Um Janus torto de experiências,
cercado de mil cabeças
daqueles que me abandonaram.