6.11.09

Não há nada mais conservador do que um liberal no poder.

Você lembra da época em que surgiu o Orkut? Já naquele tempo desconfiava de que muita coisa iria acontecer. Foi no ano de 2004 e o primeiro a me convidar foi o meu irmão. Fui chamado, na época, de retrógrado porque achava aquilo pura bobagem. Dessa forma, recebi a denominação de conservador por não aceitar uma rede de relacionamentos em pleno século XXI. Mas não há nada mais conservador do que um liberal no poder.
De lá pra cá, as pessoas foram mudando. Não só elas, embora acredite que tais mudanças sejam necessárias sempre. Estava lançado um dos gritos mais revolucionários da modernidade. Rapidamente a expressão “me dá o seu Orkut” caiu na boca dos jovens, que aliás nem controlam mais os próprios lábios.
Naquele tempo, essa moda de “ficar” já me inspirou a escrever um texto e os tais relacionamentos sofreram uma mutação no tempo. Conheci muitos colegas que trocavam de mulher como faziam com as roupas da Uruguaiana. Pois é, creio que essas pessoas “modernas” não pensaram nessa metáfora.
Por isso, sou um defensor ferrenho das prostitutas. São honestas porque não lhe enganam em seu exercício. Parênteses à parte adorei esse arroubo repentino de conservadorismo que será chamado de ação moralista. Também poderiam perguntar onde há moral numa sociedade que grita, pra quem quiser ouvir, a importância de um companhia de sucesso, mesmo que essa não tenha caráter nenhum.
Surgiu até um tal de relacionamento aberto e casamento virou uma palavra vazia, sem significado algum. No entanto, devo me desculpar mais uma vez. Tem importância sim. Ouvi de uma pessoa a seguinte frase: - Casei logo, porque precisava garantir o meu futuro! É engraçado como coisas antigas aparecem em pleno século XXI. Mas nem se preocupe, estou aí como exemplo.
O meu conservadorismo assusta. Veja só em quanta coisa chata e ultrapassada eu penso... Sou uma pessoa fiel nos relacionamentos e procuro ter uma única pessoa em minha vida. Quero trabalhar sem ter sido indicado apenas. Pretendo namorar, consolidar um relacionamento com o sonho de me casar. Também defendo a idéia de que tudo vem ao seu momento, embora precise lutar muito para conquistar cada um.
Chato né? Mas eu sou escritor e não deveria ter pensamentos que vão contra a liberdade de cada um. Viva a libertinagem do século XXI! Ou seja, liberdade. Fui conservador outra vez. A minha atitude pode me afastar do convívio com a sociedade tão democrática como a nossa. Afinal, é preciso ter idéias semelhantes aos outros para participar de um grupo de “amigos”.
Quem sabe até para assistir àquele futebol de final de semana. Campeonato aliás que está sem aquele período emocionante de “mata-mata”, onde o oitavo colocado tinha chances de ser campeão. Você sabia que a nossa tabela atual segue o modelo europeu? Nisso todos acertaram. Não sabem o quanto, há anos, desejo a ida de muitas pessoas para a Europa e me deixem em paz.
Pra que ir né? O Brasil é uma mistura de tudo. Pra melhorar, teremos as olimpíadas em 2016. Isso me faz pensar em uma nova modalidade esportiva: Os 100 metros com tiro. Assim, o povo poderia participar com cada representante nas raias do maracanã. Aí os assaltantes desceriam dos morros e atirariam sem parar. Quem chegasse vivo do outro lado era merecedor das medalhas.
A verdade é que somos campeões em nossas vidas sem perceber. Também creio ter a percepção muito aguçada para essa liberdade atual. Às vezes, deveria saber o momento de apertar o botão e me desligar de tanto conservadorismo. Dessa forma, sobrariam certezas em torno dessa mediocridade disfarçada em que vivemos. E, de tanta incerteza, descobri a verdadeira mudança perturbadora. O ser humano, a cada dia, muda para o pior.