24.11.14

Arte breve, vida longa

"Falar a língua dos incautos nos afasta da língua dos doutos."

É assim, numa noite,
na madruga,
que a voz do poema vem
e sussurra pra mim.

O amor lá fora,
as letras aqui dentro.
E eu sofrendo por querer unir
o separado.

Caminho solitário pelas entranhas do saber,
porque ser ignorante é uma dádiva
na terra do ser.


Antigamente, em nossa terra,
o prejuízo era conjugar o ter,
mas também erra quem só sabe ser.


Humano, bicho difícil, surgiu
de um caudal eterno de línguas marginais.
No entanto, sempre marginaliza os que vão por margens iguais.


A língua fere os incautos
por serem naturais. Não verticalize,
quem horizontaliza os dias em normais.


Se “achegue”, pense,
a arte nunca foi pra poucos.
Afinal, só aprende quem da vida
Se fez douto.

E o significado de viver, meu caro,
é muito caro,
não está em nenhum dicionário.