19.5.13

Quadrado Invisível



Sinto me deslocado neste mundo. Hoje em dia todo mundo quer se poeta. Então, fico procurando um motivo para seguir o que sempre quis ser. Para mim, poesia nunca foi placebo ou algo pra cuspir por aí. Estão destruindo os meus sonhos.
O escrever e o refletir está na moda. Basta olharmos no facebook poetas e pensadores surgindo todos os dias. Queria, no entanto, ver essas palavras serem empregadas com mais verdade e não, como soluções para os problemas do dia a dia. Zé fulano briga com a namorada e posta: “Qualquer decepção não é em vão!” Dona Maria se esbalda na festa com as amigas e cita Simone de Beauvoir na mesma página em que Anitta. Isso me entristece.
Nada diz que o poeta viva de mentiras, embora seu exercício seja o de enfeitar a realidade. Aristóteles continua muito vivo entre nós. Aliás, há muita gente que permaneceu viva, porque não faziam da poesia apenas um reduto bonito para o passeio das palavras.
Por isso, fico procurando o que me fez enveredar por este campo. Chego a pensar no inatismo como melhor resposta. Fico horas tentando entender o porquê de tentar pensar nesse mundo que não privilegia mais o poder das palavras. O negócio é fazer o quadradinho de oito.
Passei grande parte da minha vida trabalhando, estudando, sempre em busca do “bem” pensar. Até hoje não vi reconhecimento da sociedade para isso. Falo sobre pequenas palavras de louvor ou um salário digno para quem trabalha com a única faculdade humana que nos separa dos animais. E englobo neste exemplo as demais profissões intelectuais como professor, filósofos, críticos de arte, etc... Talvez, seja melhor eu desistir dos meus onze anos de caminhada intelectual para jogar futebol ou escrever um quadradinho de 16. Não sei, só sei que o que sei continua invisível.

7.5.13

Quem me vê?


Quem me vê pela música,
não me vê pelo livro.
Quem me da astúcia
nem quer ser meu amigo.

Onde está você quem não me vê,
enquanto outros insistem em lhe ver.
O sangue que escorre por dentro
é saudade do bem querer.

Mas não sofro, porque o meu dom
não é sofrer.
O som da saudade toca fundo em meu ser.
Já pensei em ir pela cidade;
no entanto, só sei me esconder.

Na verdade, quem me vê
não consegue me perceber.