11.2.12

Lição

Como o bacharel da vida,
fui graduado com marcas do passado.
As disciplinas novas foram aparecendo,
enquanto buscava a quebra dos vínculos.

As pessoas são assim.
Afasto-me daquelas que estão próximas,
porque elas se distanciam com sua peculiaridade.

Por isso, amores perdidos,
vazios solitários,
procuram-me em meu pior momento.

Já as pessoas desconhecidas me conhecem
de alguma forma.
Talvez porque enxerguem de uma lupa mais próxima
por estarem distantes.

O mesmo faço com o meu ser
que se revira em diversas direções
para encontrar uma única.

Como o pós graduado da vida,
perco o senso do ridículo
e me deparo com o melhor de mim.
As disciplinas antigas desaparecem a cada lição.

Banho-me no esquecimento
para entender que tudo não passou.
Não passou ainda.

Não passou como a insônia de todos os dias.

Agora, o desafio é outro.
Como reunir tanto aprendizado
E não me perder nesse mosaico?
Afinal, estou fragmentado por ser prosaico.

Tenho a sensação mais assustadora
que um homem pode ter.
É hora de sofrer com a invisível calculadora do tempo
e começar a conjugar o verbo reaprender.
Pois, se a vida é um ciclo,
nada eu tenho a ver com isso.
Quero viver.