31.8.14

Poética da indiferença



                                     "Vamos pedir piedade, Senhor piedade (...)" Cazuza

Se eu mudo calado ninguém percebe.
Palavras são necessárias
a quem não recebe.

Esse mundo ficou mudo
Sem eu perceber.
As pessoas nos cobram e só querem receber.

Sinto me deslocado neste meio
em que a comunicação
faz-se necessária.

Sem muito rodeios,
procuro ação
no olhar de cada vida diária.

Indiferente sou recebido,
enquanto solícito,
serei expelido.

São estufas humanas
em meios de cultura vitais.
Mas precisam aprender que reciprocidade não se paga.

Minha individualidade me assusta nesta cidade
de aglomerados sonâmbulos de piedade.
Meu grito torna-se poético
por não ser profético
desse coletivo.

Quero comunicar que
quem escreve aqui
só quer tornar comum
essas redes humanas socialmente sofridas.

Sou menos virtual do que pareço,
pelo menos pra quem lê este texto
do lado avesso.



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