Preciso desabar em palavras
para reerguer o meu coração.
Ele rasteja, mareja,
com o olhar da escuridão.
Se sou justo,
observam-me como moralista.
Se liberto a vida,
aprisionam-me em uma pedra ametista.
Só pra rimar.
Mas, voltando ao verso,
do que adianta ser honesto
em um mundo de que o atraso irá valorizar.
Valor, palavra perigosa,
ranhida, escolhida,
entre as mais desditosas coisas do tempo.
Se bem me lembro,
o meu esquecimento
ocorre pelas memórias compartilhadas.
Do outro lado, escuta a censura
da amordaça muda e feroz
daqueles que dizem o bem
como um ato atroz.
Sim, abuso de aliterações
e assonâncias,
porque a música me ajuda
a não desabar.
Mas não se iluda.
Enquanto você vai na última linha,
o poeta já voltou mil vezes da vida.
O meu olhar é para o futuro,
vivendo o presente do passado.
Um Janus torto de experiências,
cercado de mil cabeças
daqueles que me abandonaram.
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