15.10.14

Panorama

Num panorama,
tento olhar a paisagem em mim.
Mas é longa a viagem
sem saber pra onde ir.

E, pela calçada das lembranças,
vejo esperanças gravadas em mármore.
Com desenhos que representam
o mar , ou o amor.

Ao descer dela,
avisto à rua transitada por desilusões.
Quase sou atropelado por um caminhão de inveja.

Esquivo e paro em frente à vitrine
da loja da vida.
Tudo muito caro, porque não há preço
para viver.

Um vendedor sábio sai de lá de dentro
e me olha, por fora,
como se a fina casca lhe dissesse algo.

E eu sofrendo por duplas camadas
sou o vulcão de sentimentos
no meio da cidade.

Cuspo lavas de solidão,
porque procuro ser coletivo
no uso da mansidão.

Coração manso e honesto
é o que tenho a oferecer.
Mas só me oferecem o que é funesto
como um poluído entardecer.

E isso é apenas um panorama da Realidade..
Ainda bem.


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