24.12.08

O novo diferente

O ano chega ao seu fim e a vida me revelao novo de forma diferente. Por isso, um filme veio à minha cabeça com personagens similares: Um avô morto por um ataque cardíaco, uma separação necessária de quem amava e a aproximação de pessoas, antes distantes. Tudo é um reflexo desse ciclo estranho em que se encontra o “poeta do amor”.
E tal alcunha foi um presente de um amigo há um ano mais ou menos. No entanto, o que importa não são os acontecimentos. Sem perder os fatos, importam-me as suas repetições em curtos espaços de tempo.
Alguns dizem que isso é um fruto da minha fértil imaginação. Outros dirão:- Ele está louco! Mas como explicar a sucessão de fatos parecidos em menos de três anos? Nietzsche chamaria isso de eterno retorno. Eu, de constante estorvo.
Talvez a minha forma agressiva de me lançar à vida assute às pessoas, enquanto o tempo percorre um curso que só existe psicologicamente. Na literatura, encontraram um termo para isso. Qual seria? Prefiro esquecer. Afinal, existem coisas que fazemos questão de esquecer!
Esse, por exemplo, será o primeiro natal sem nenhum avô. E, até agora, não consegui escrever uma linha para homenageá-los. Lembro-me de que a perda do meu avô “paterno” foi registrada em poucas linhas no “buzznet”: uma espécie de fotolog melhorado.
Três anos depois, coincidência ou não, perdi o meu avô “materno”. Nesse ano, choramos demais a perda dele e aprendemos o valor da ausência de alguém tão presente em nossa vida.
Então, acreditava em meros acasos. A natureza sempre nos tira quem ela quer pra si. No entanto, os outros eventos me assustaram muito. Não sabia mais o que estava acontecendo pela primeira vez.
Fui atrás de quem amava e lutei por seu amor. Conversei com os seus amigos e tentei entrar em contato com aquele mundo novo. Talvez o meu erro tenha sido a inocência de crer no “abraço universal”. Pois me parece que quanto mais auxiliamos o crescimento de alguém, mais este irá te ignorar.
O que assustou esse que vos escreve? Se respondesse que o mesmo aconteceu no referido intervalo de tempo, acreditaria o leitor em mim? Esse meu diálogo “casmurriano” nasce da constatação de um real inexprimível.
O platonismo seria uma ótima solução, mas sofro por tocar com todos os sentidos essa mesquinha realidade. Hoje, consigo fazer amizades pelo que leio ou ouço. A distância não importa. Entretanto, há três anos, a internet tinha mais valor em minha vida. Encontrei, naquela época, um novo amor que não teve um final feliz. Deve ser mal de poeta.
A gente vê o amor em tudo e as pessoas pisam em nossa perspectiva sobre o real. Deve ser engraçado negar ao comentarista de futebol o direito de falar mal do juiz. Ou então, impedir que um crítico de arte não faça pose de intelectual. Essas são comparações bizarras, mas qual é o problema de um poeta escrever sobre amor? Não sei.
Só sei que ouço constantes reclamações sobre a minha forma de descrevê-lo. Já me disseram muitas coisas... Guardo todas , porque esse ciclo existe. É uma coisa profana do tempo.
Amar não é para todo mundo! E não se assuste com essa declaração. Cada um tem a sua forma, mas ninguém sabe o que o amor é. Nem mesmo os poetas que se enrolam em torno de suas vidas. Eu nem sei o porquê de me chamarem de “poeta”. Afinal, tudo só muda de nome. Quem faz a nossa vida somos nós e o tempo. Feliz Natal!

2 comentários:

Mar disse...

"Amar não é para todo mundo!" Eis a mais pura verdade! Que não conhecemos plenamente o amor... verdade também! A verdade omitida, mas que apresento aora é: tão difícil aceitar que o amar não é para todo mundo, principalmente quando quem não sabe amar é aquele a quem amamos hoje ou amamos algum dia!
Parabéns pelo delicioso texto.
Abs

Nayara Lago disse...

Realmente, o amor é pra poucos. Adorei ler seu texto, sempre vou passar por aqui.
Abraço.