Afundado em meio a leituras e obrigações, precisava respirar um pouco por aqui. Escrever é o meu único vício que irei compartilhar por muito tempo com as pessoas. Entretanto, uma questão sempre me levou à longas horas de pensamento: Sou um ímã ambulante de interpretações e questionamentos sobre o que digo, escrevo ou falo sem pensar. Daí me vem uma frase latina para o meu conforto...Ueritatem aperit dies!
Sim, o tempo é o meu único amigo. Ele pode revelar a verdade no meio dos discursos produzidos sobre mim. E escrevo isso não como forma de reivindicação, porque muitas vezes a velha máxima do "fale mal , mas fale de mim" me ajuda. No entanto, por ser verdadeiro, acho estranho as pessoas direcionarem as suas mentiras à mim. Acreditava que só os canalhas e os cafagestes sofressem o martírio por seu modo estúpido de satisfazer às vontades alheias, mas me enganei.
O meu engano foi crer que o modo poético com que encaro a vida não fosse visto como mais uma máscara desses modismos de personalidade excessivos da nossa sociedade.
Logo eu que odeio moda. Já tive que ouvir muita bobagem, porque tento estabelecer um diálogo com as pessoas para além dessa pífia realidade mesquinha. Não vejo ninguém questionar o modo de vida de um Ronaldo, jogador tão prestigiado pela mídia, que ficou fora de forma e, através do marketing pessoal, conseguiu sem menor esforço um proveitoso contrato com um dos times mais famosos do país.
Também já vi pessoas acreditarem na realidade como um refúgio para as suas decepções e nem tentar agir sobre essa para revertê-la. E por que sou questionado? As perguntas foram enormes e, muitas vezes, sem nexo algum. Já ouvi de uma garota, com que me relacionava há um tempo atrás, a seguinte pergunta: Depois de tudo o que aconteceu, você ainda me ama?
Parece até irrisório escrever tal fato que parece cena de novela, mas o expus para ver o quanto as pessoas questionam o simples e jogam os seus problemas para o outro. Está certo que estou solteiro hoje. Por outro lado, muita gente questiona até a minha solidão. Oras, o que mais vejo por aí é casal de conveniência. Já escrevi um texto sobre esse fato comum em nossos dias e o que mais me assusta é vê-lo ainda na realidade.
Aí acho engraçado muita gente acreditar que só vivo por meus textos. Isso me lembra as reações que causo em muita gente com a minha escrita parabólica. Nem eu mesmo me entendo às vezes! Quero dizer...O meu entendimento não é um puro entendimento do que vejo. Com as palavras prefiro sentir a mentir, como faz grande parte da humanidade. A mentira ficou tão comum... Ninguém mais comemora o dia da mentira.
Por isso, se um dia for presidente, tenho o sonho de decretar o dia da verdade. Dessa forma irei desnudar todas as controvérsias literárias e mostrar as verdadeiras mentiras. Cazuza falava de uma tal de mentira sincera, que não vejo as pessoas realizarem. Afinal, creio que muita gente não "realiza" nada hoje em dia. O lance está na responsabilidade e respeito adquiridos com a (con)vivência.
Viver com o outro está longe dos padrões ridículos que aturamos todos os dias pela tal sociabilidade. Para mim, a melhor forma de ser social acontece no jeito como ajudamos cada um a tomar consciência de si mesmo. Não a consciência psicanalítica freudiana ou esses termos confusos que encontramos nos livros de leitura. Entretanto, se escrever com a fala do meu dia a dia, sou cobrado: Você não é professor? E espero, um dia, também ser indagado com: Você não é escritor?
Ao mesmo tempo, essas contradições agem como duplo. Podem nos trazer benefício ou prejuízo diante das situações em que nos encontramos. Mas a sociedade é tão negativa que qualquer pronunciamento torna-se ofensa. Odeio a tão ordinária fofoca por causa disso. Ela é a representação das pessoas que só existem pelo que falam de nós. Poderia eu ignorar? Claro que sim, embora acredite que a ignorância não me foi uma dádiva concedida. Dialogar e questionar fazem parte de um movimento da vida. Quem sabe um dia, possa mostrar isso para um universo maior do que esse em que vivo.
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